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Blogue do Apostolado da Oração

SERÁ POSSÍVEL AMAR QUEM NOS FAZ MAL?

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Hoje temos o último artigo de três sobre o hino da caridade.

O tema de hoje é este: «Se perdoar não implica ficar amigo, como é que podemos amar os inimigos?».

Primeiro, temos que distinguir várias situações. Há aquelas em que uma pessoa nos ofende, com maior ou menor gravidade, mas a ferida que a ofensa deixa fecha e a relação com essa pessoa continua boa.

Eu vou falar de duas outras situações.

A primeira é aquela em que a ferida custa muito a fechar por ser uma ferida muito grande. É uma ferida tão grande que faz com que não queiramos pensar nessa pessoa, quanto mais perdoar, muito menos amar. Temos ódio à pessoa.

Então como é que vamos amar esta pessoa?

Primeiro, temos que deixar o tempo atuar. O tempo ir-nos-á suavizando as sensações más. Neste caso, a primeira coisa que Deus nos pede é que não alimentemos ódio nem vingança em relação à pessoa. Pede-nos que nos esforcemos por não dizer coisas como: “Só quero que te aconteça o mesmo mal que me fizeste” ou “só te desejo aquilo que me desejas”. Se nos esforçarmos por não pensar estas coisas, já estamos no bom caminho. Depois, pedimos a Deus vontade de rezar por essa pessoa.

Reparemos que ainda não estamos a rezar pela pessoa, mas a pedir vontade de rezar por ela. Esta fase pode demorar muito tempo. Anos. Mas o importante é não desistirmos de pedir a vontade de rezar pela pessoa. Quando conseguirmos rezar por essa pessoa já estamos, como Jesus na cruz, a rezar por aqueles que Lhe fizeram mal. Nunca iremos achar essa pessoa simpática nem convidá-la para nossa casa. Mas, se formos capazes de rezar por ela, já a estamos a amar. Já estamos a amar o «inimigo».

A outra situação é aquela em que a ferida não fecha por estarmos sempre a ser magoados.

Aqui, a primeira coisa a fazer é distanciarmo-nos da pessoa que nos faz mal. Temos que manter essa pessoa à distância. Não vale a pena tentarmos fazer as pazes com uma pessoa destas. Ou a pessoa se nos ri na cara ou é muito simpática mas não muda o seu comportamento. Nos dois casos, acabamos ainda mais magoados.

Temos que a manter à distância. E como é que isso é amar?

É amar porque estamos a impedir a pessoa de pecar. Impedir alguém de pecar é amar esse alguém. Se alguém me vier assaltar a casa e eu lhe abrir a porta e lhe der as joias e o dinheiro, estou a ser cúmplice dessa pessoa.

Assim, também, se alguém me magoar sempre que está comigo e eu não me procurar afastar dessa pessoa, estou a dar a essa pessoa oportunidade de me magoar. Estou a ser cúmplice do seu ato, estou a contribuir para o seu pecado.

Mesmo sendo pessoas do nosso convívio habitual ou membros da nossa família, é preciso afastarmo-nos destas pessoas ou afastá-las de nós, porque não lhes podemos dar oportunidade para nos estarem sempre a magoar.

Então, aqui a primeira parte do amor é não dar às pessoas oportunidade para elas pecarem. Depois, vem a outra parte, que é rezar por essas pessoas. E é tudo o que podemos e devemos fazer por elas.

Concluindo: devemos afastar-nos das pessoas que nos magoam e, quando formos capazes, rezar por elas. Não temos que, nem é possível, achá-las simpáticas.

 

Gonçalo Miller Guerra, s.j.

 

 

 

 

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